Rue-Mouffetard-Paris

A Paris que conheço é bem diferente daquela dos cartões-postais e do roteiro obrigatório para turistas. Claro que o visitante novato não deve deixar de carimbar todos os pontos turísticos, da Torre Eiffel ao Arco do Triunfo, da Notredame à Sacré Coeur, do Louvre ao Dorsay, da avenue des Champs-Élysées à Saint-Germain-des-Prés.

E isso, claro, inclui a gastronomia. Aqueles que contam com um bom saldo bancário (e ponha bom nisso) não devem perder a chance de reservar uma mesa em qualquer uma das casas do premiado chef Alain Ducasse. Ou no Tour D’Argent, restaurante secular com vista privilegiada para o rio Sena e nos últimos anos com a cozinha sob responsabilidade do chef Stéphane Haissant.

Mas há uma outra Paris, das comidas de rua, das opções que dificilmente aparecem nos roteiros tradicionais sugeridos aos viajantes. E é essa Paris que eu curto nas vezes em que circulo por lá, paparicando filha e neto que residem lá pelas redondezas.

Como nas saborosas andanças pela Rue Mouffetard, por exemplo. La Mouffe, para os íntimos, uma ruazinha antiga nos limites do Quartier Latin, com uma feira livre permanente a seduzir a sensibilidade gastronômica de qualquer um. Consta ter sido ali a ponta da Via Appia, a milenar estrada que ligava Paris a Roma. Há de tudo por lá. Queijos, queijos, queijos, embutidos, peixes, carnes, frutas, legumes e o que se imaginar de qualquer país. É uma ONU gastronômica, costumam dizer. No verão (reparando bem, nas outras estações também), à noite, os restaurantes e bistrôs colocam mesas nas calçadas e aquele festival de sabores vara a madrugada. Para ir de metrô, estação Censier-Daubenton.

E por que não um giro no Le Marché des Enfants Rouges, o mais antigo mercado de Paris? Criado em 1615, é um mercadão, com barraquinhas de frutas, verduras, especiarias e um canto onde estão dispostas várias mesas para acomodar os consumidores das comidas de todas as nacionalidades vindas dos pequenos Box. Restaurantes franceses (claro), italianos, marroquinos, japoneses e o que mais se possa imaginar. Fica na Rue de Bretagne e o metrô mais próximo para na estação Filles du Calvaire.

E assim como esses há cantinhos por toda parte. Portinhas escondidas que só os parisienses conhecem. Para dar um só exemplo: Le Roi du Pot au Feu, típico bistrô francês localizado perto da Gallerie la Fayette, que serve um um delicioso “pot au feu” um caldo de carne servido com carne e vegetais (e que vem com um tutano enorme em cada osso, acompanhado de torradas).

Aqui, em poucas linhas, foram algumas dicas de uma outra Paris, que não a convencional. Mas tem mais, muito mais, para quem não for marinheiro de primeira viagem. É só pesquisar e aproveitar.