A ideia é unir a cozinha à sala de estar, ao bar e à adega para recepcionar amigos e familiares, criando uma interação entre as pessoas. Confira alguns espaços gourmet e inspire-se para criar o seu e reforçar o conceito de que a cozinha é o coração da casa

 

 

Os espaços gourmets não são apenas locais de difusão de gastronomia. São, por excelência,  espaços de convivência, conversa e  interação. Abrigá-los junto às varandas integrando cozinha/jantar, cozinha/estar, salões de festas e churrasqueiras, são sempre boas opções. No que diz respeito à estética, a decoração segue para um momento clean (com tampos, pedras e marcenaria de cor e textura uniformes) e despojado (concreto, cimento, tijolos e materiais reaproveitados). Quando tocamos na funcionalidade, espaços flexíveis, que se adaptem, comportem com aconchego poucas pessoas e, com fluidez, muitas delas.  A dica para decorar espaços como esse é utilizar materiais despojados que têm um pouco de história. Tijolinhos demolidos, rolhas de cortiça colecionadas, vidros que se tornam luminárias, quadros e gravuras que instiguem frases, conversas e alegorias por vezes trazem à tona uma lembrança que se torna uma boa conversa. Os itens culinários então nem se fala. Temperos, verdinhos, garrafas, galeteiros e latas de embalagem conseguem ambientar como ninguém um espaço gourmet. Por vezes, o mais importante é garantir que o convidado aprecie muito mais o ato de estar que a vontade de comer.

Leopoldo Roesler e Camila Kredens | Roesler & Kredens Arquitetura

 

 

A ideia foi criar um ambiente prático e convidativo para que todos fiquem confortáveis, jogando conversa fora por mais tempo. Em geral varandas, cozinhas e salas são ambientes que podem ser integrados a um espaço para a preparação de refeições, seguindo o conceito “gourmet”. Não precisa ter necessariamente uma cozinha, pode ser apenas uma churrasqueira, por exemplo. A única exigência para quem quer montar um espaço assim em casa é que haja integração com um espaço de preparo de alimentos. Muitas vezes, em espaços pequenos é mais fácil integrar a cozinha com os ambientes sociais da casa. Em espaços maiores, pode ser necessário investir um pouco mais. Na decoração, é importante cuidar dos detalhes. As próprias garrafas de bebida podem ser usadas para decorar, fazendo uma composição. Peças como copos e taças, acessórios também. Mesmo as rolhas de vinhos, se colocadas em um vaso de vidro ou algo similar, podem se tornar uma peça interessante.

Nelson Machado e Alexandre Weiss | Machado & Weiss Arquitetura e Interiores

 


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O espaço gourmet se incorporou ao projeto arquitetônico como decorrência de uma mudança sociocomportamental. Nos anos 50 as cozinhas e os novíssimos eletrodomésticos eram as vedetes das residências e foram eternizados pelas pin-ups. Duas décadas mais tarde, a revolução sexual feminina trouxe grandes mudanças comportamentais e a cozinha perdeu espaço e importância dentro dos projetos. Ninguém mais queria saber de pilotar fogão até que a gourmetização da culinária conquistou adeptos, impulsionados pela proliferação de programas televisivos com chefs premiados, e o fogão voltou a ser destaque no ambiente residencial.  Hoje, saber cozinhar, como entender de vinhos e degustação de cafés, tornou-se exemplo de cultura e refinamento.  Por esses aspectos a cozinha se integrou a outros espaços da casa, para não isolar o chef do dia. Os materiais empregados são os mesmos utilizados nas salas de estar. Quem diria que após a queima de sutiãs um conjunto de panelas Le Creuseut poderia ser sonho de consumo entre tantos.

Jorge Elmor | Elmor Arquitetura

 

 

O conceito do projeto partiu da necessidade de adequar a planta do apartamento ao uso realmente desejado, que era ter amigos e familiares juntos na hora das refeições e lazer. Partindo dessa ideia, o antigo home, que era no segundo andar, foi transformado em espaço gourmet. Vários ambientes têm potencial para se tornar um espaço gourmet, uma garagem, uma sala sem uso, uma varanda. O ambiente tem que ter a cara dos proprietários, mas antes de projetar é preciso lembrar que o local precisa ser funcional para quem for cozinhar.  O que não pode faltar é uma ilha com banquetas, para as pessoas sentarem em volta do cozinheiro, batendo um papo e tomando um vinho. A ideia para criar espaços assim é reaproveitar alguns móveis da casa que estavam de lado. Por exemplo, para a criação da ilha, é possível utilizar uma mesa antiga que pode ser pintada e colocada junto ao móvel da cozinha, dando uma ideia de ilha. Já para as cadeiras pode-se fazer capas de linho, mudando toda a cara das cadeiras antigas. Destaque também para a madeira, que é sempre bem-vinda nesses espaços, garantindo uma mescla de estilos que pode surpreender.

Luciana Olesko e Maria Fernanda Lorusso | Olesko & Lorusso Arquitetura e Interiores

 

 

O ato de cozinhar normalmente atrai as pessoas, e nesse caso a família queria estar unida e repartir o espaço de forma confortável. Foi criada uma área de preparo e outra para refeição que estão juntas, porém dispostas de formas distintas. Nessa área havia uma cozinha e uma lavanderia. A disposição e o mobiliário seguem uma linguagem contemporânea que valoriza as linhas, principalmente as horizontais, e uma tendência clean, com menos elementos que interrompem a visão no entendimento do ambiente como um todo. Os detalhes ficam por conta dos objetos e dos utensílios de cozinha, que podem ser encontrados nas mais diversas cores e formatos, e imprimem ao ambiente a personalidade de quem usa o espaço. O espaço gourmet integra aqueles que cozinham com os que estão ali para saborear, por isso essa interface merece um cuidado especial. É importante que estes usos distintos compartilhem o espaço de modo confortável, juntos, mas sem se interferirem. Uma boa bancada ou até mesmo uma boa mesa podem atender perfeitamente às necessidades, transformando esses momentos numa ocasião de encontro e diversão.

Luciano Surski | Grifo Arquitetura