Por Allan Costa
Em tempos de crise, o instinto natural é trabalhar somente com o repertório que já conhecemos, fechando a porta para o novo. Isso é normal, mas deixa de ser inteligente se vira o comportamento padrão, mesmo em uma pandemia. Porque quando aquilo que sabemos falha, precisamos abrir espaço para novas ideias.
O coronavírus testou a gestão de todos os governos no mundo. E Curitiba pode estar do lado das economias que sairão mais desenvolvidas no futuro pós-Covid, já que tem características de cidade inteligente, que fomenta o empreendedorismo e a inovação. Mas para isso, deve aprender sobre suas vulnerabilidades e manter o que mais importa no centro de todas as ações: o cidadão.
E apoio ao cidadão, por agora, se traduz na criação de mecanismos para o retorno imediato das atividades econômicas, com medidas que assegurem menos chances de contágio. Como o uso obrigatório de máscaras, a circulação restrita em lojas e o incentivo a plataformas que substituam o presencial.
Da mesma forma, é importante estimular a compra de produtos locais. E não só isso. Buscar fornecedores do entorno e pensar maneiras de criar negócio para os pequenos empresários da região, não deve ser apenas uma decisão política. E sim, um movimento. Toda a população deve estar engajada. O impacto será sentido no comércio dos bairros, e a crise superada em curto prazo.
Além disso, os curitibanos terão que modificar a mentalidade para conviverem com um “novo normal”. Os hábitos estão mudando e quem se posicionar para explorar as oportunidades, sairá na frente. Muitas pessoas foram digitalmente incluídas à força e aprenderam que a vida virtual também funciona. A consequência? Um campo vasto para ser explorado no que diz respeito ao on-line. Empreendedores atentos saberão identificar as demandas e transformá-las em negócios.
O comércio tradicional precisará se reinventar, e rápido. Lojas físicas terão que atrair clientes oferecendo algo a mais, que não poderia ser consumido em casa. A ideia de experiência se estende para o delivery. Entregar os ingredientes de uma pizza para a família brincar de pizzaiolo em casa, não é a mesma coisa que entregar a pizza pronta. Formas criativas de atender a velhas demandas farão sucesso.
A crise que estamos vivendo nos faz sofrer e traz problemas aparentemente intermináveis. Mas, ao mesmo tempo, pode ser a fagulha que desperta o surgimento de centenas de novas ideias. Assim funciona a economia da inovação. E, em uma cidade como Curitiba, pegar o que nos torna vulneráveis e usarmos a nosso favor, é o que vai fazer a diferença na nossa capacidade de usarmos a crise a nosso favor e de sairmos muito mais fortes ao final dela.