A mulher deixou de ser o sexo frágil há anos, mas ainda luta contra uma série de preconceitos e limitações, muitas, aliás, impostas por ela mesma. A verdade é que com a independência feminina é cada vez mais comum vermos representantes de Eva apitando jogos de futebol, liderando empreendimentos e comandando países. Por isso, homens, não estranhem o que virá nas linhas a seguir.

Dizer que Fabíula Stella é mestre em cachaça é pouco. Quando pequena, deliciava-se com vinho misturado a água e açúcar e com a espuma de cerveja oferecida pelo pai. Foi na faculdade de Engenharia Agronômica que a cachaça conquistou seu coração. Hoje, a bebida é o objeto de pesquisa de seu doutorado no Laboratório de Tecnologia de Produtos Agrícolas da UFPR. Com Camila Podolak o caminho foi outro: a família já trabalhava com vinho há anos, porém, primeiro Camila se formou em Administração com ênfase em Comércio Exterior e então partiu para o curso de sommelier.

Sim, elas dominam o assunto. E não precisaram sofrer com comentários preconceituosos (estamos no século 21, realmente!). “Hoje em dia é muito comum mulher gostar de profissões que antigamente eram exclusivamente masculinas. Com isso algumas portas vão se abrindo e podemos nos destacar”, contextualiza Camila. Fabíula completa: “É lógico que num primeiro momento sempre surgem algumas risadas, mas é incrível dizer que nunca ouvi comentários preconceituosos”.

Produção

Produzida em alambique artesanal ou em grandes destilarias, a cachaça é uma bebida 100% brasileira. Fabíula explica que o processo se divide basicamente em fermentação (o açúcar se transforma em álcool) e em destilação (os vapores liberados na primeira etapa são condensados), resultando em um líquido com 38 a 48% de teor alcoólico: a famosa cachaça.

Quanto aos vinhos, o cuidado começa na escolha das uvas: tinto e rose usam uvas tintas, o branco pede uvas brancas. O grande diferencial, segundo Camila, é o contato do sumo com a casca da fruta: o tinto, por exemplo, é o que exige maior contato.

Consumo

O consumo de bebidas com álcool tem aumentado no Brasil. No caso dos vinhos o crescimento concentra-se nas regiões sul e sudeste. Já a venda da cachaça industrial está estagnada em comparação à da artesanal, “mostrando que o consumidor está mais exigente e disposto a pagar por um produto de melhor qualidade”, analisa Fabíula, e continua: “A melhor cachaça é aquela que te agrada mais, cuja qualidade corresponde ao preço pago e à expectativa do consumo. Tudo isso tem um lado pessoal”.

Camila, que há oito anos trabalha na empresa Porto a Porto, admite ser complicado eleger o melhor vinho. Seu interesse, aliás, é outro: “O que mais me fascina são os diferentes métodos de elaboração para os grandes vinhos de qualidade, como o vinho do Porto, Madeira, Jerez, Champagne, etc”.

Independente da bebida escolhida, não devemos esquecer a recomendação famosa: “Beba com moderação”. Ah, e também tem aquela: “um copo de vinho [e por que não de cachaça?] por dia, nem sabe o bem que lhe fazia!”. Saúde!

CACHAÇA

Presente: Fabíula gostaria de presentear Johnnie Walker com uma garrafa de cachaça.

Avaliação: olhe, cheire e beba. Virar o copo em um único gole não é a forma ideal de degustar a bebida. Deixe a cachaça respirar. Sirva-a na taça, prove-a e deixe-a em repouso. Acompanhe a evolução à medida que o tempo passa.

Comprar: procure lojas especializadas, peça orientação ao vendedor, leia os rótulos e busque cachaças de diferentes regiões, envelhecidas em madeiras diferentes ou por tempos diferentes.

Curiosidade: no dicionário, há mais de 400 termos para designar cachaça, de abre-bondade a zuninga. Mas pinga ou caninha não são termos oficiais ou comerciais para a bebida. Além disso, não existe cachaça com sabores. Por lei, ela é feita apenas de cana-de-açúcar.

VINHO

Presente: Camila gosta de presentear os amigos com um bom vinho tinto.

Avaliação: para degustar a bebida, é importante que ela esteja na temperatura correta e seja servida em uma taça que lhe permita respirar.

Conservar: deixe a garrafa deitada em temperatura média e constante de aproximadamente 16°C e em local reservado.

Curiosidade: em algumas regiões, como em Bourdeaux, na França, utilizando a mesma uva e com o mesmo processo de elaboração, porém com uma distância de 500 metros de um vinhedo para o outro, é possível obter vinhos completamente diferentes.