Por Milena Stahsefski

Aquele tradicional abraço de ano novo foi diferente esse ano. Eu e o Daniel nos abraçamos e choramos muito. Lá no fundo, a gente já sabia que não estava tudo bem. Sofia,  nossa filha de 11 anos, vinha passando mal há dias. Enfim, depois de muito sofrimento e muitos exames nas primeiras semanas do ano, no dia 18 de janeiro de 2020 descobrimos que ela tinha um tumor (enorme!) no cerebelo. Eu não sei explicar o que aconteceu, mas no momento do grave diagnóstico uma paz invadiu meu coração de mãe. Eu tive a certeza de que ela seria curada. Meu marido ficou muito mal, sem chão, então eu precisava ser muito forte, por eles!

Os dias que se sucederam ao diagnóstico não foram fáceis. Foram 31 dias de internamento (6 na UTI), duas cirurgias (uma delas com 7 horas de duração e 8 dias de diferença entre elas), entubação, transfusão de sangue, praticamente zero visitas e uma sepse para terminar nossa temporada no hospital com bastante emoção.

Confesso que não me senti tão forte assim, mas as pessoas falavam que admiravam a minha coragem e positividade. Admito que em alguns dias eu acordava e pensava: “Meu Deus, de onde vou tirar forças hoje?”, principalmente nos dias que tínhamos alguma intercorrência. Mas logo chegava uma mensagem, um mimo, um carinho de algum amigo (ou até de desconhecidos) que nos faziam lembrar que Deus estava cuidando de nós em cada detalhe através de pessoas maravilhosas que colocou no nosso caminho.

Dia após dia, fomos vencendo a ansiedade da Sofia (que queria ir embora de qualquer maneira) e trocando boas energias (muitos se admiravam da minha força, mas eu admirava mesmo era da bravura da minha pequena guerreira), pois uma fortalecia a outra e nós duas fortalecíamos o papai.

Hoje, olho para esse tempo (que é ainda é muito próximo e ainda machuca muito), e penso: “Caramba, eu fui uma fortaleza mesmo”. Hoje, há mais de dois meses em casa, conseguimos respirar aliviados, mas ainda não sinto aquilo que muitos me falavam: “Um dia serão só lembranças e histórias pra contar”. Não, hoje isso ainda faz parte da nossa realidade, dos nossos medos, dos nossos fantasmas.

Ainda assim, eu tento honrar uma frase que escutei em uma aula em 2013 e que levo como lema de vida: “O universo é um espelho”. Então, mesmo nos dias mais difíceis, nos dias em que tive mais medo, medo de perder o meu maior tesouro, eu lembrava que eu tinha que mandar boas energias pro universo pra ele mandar essas energias de volta pra mim. Aquela capela do Pequeno Príncipe que se tornou meu refúgio durante aqueles dias, escutou muitos dos meus temores, mas também muitas das minhas orações e das minhas visualizações da Sofia brincando saudável. 

E aqui estamos, com nossa princesa curada e sem sequelas, agradecendo por estarmos em casa e não no hospital. E sim, ela está em casa como sonhei, aprontando todas por sinal! Tenho consciência que ela tem em mim a sua fortaleza e tenho certeza que é exatamente dela que vem a minha força! Meu milagre e a presença mais perfeita de Deus em minha vida tem nome: Sofia!