O melhor de conhecer um ídolo é descobrir que ele é real. Será que Pablo Contreras pensou isso de Bob Wolfenson?
TEXTO E FOTO Pablo Contreras
Se você não é do ramo, pode até ser que não conheça o Bob Wolfenson, mas garanto que vê imagens feitas por ele pelo menos uma vez ao dia! Poucos fotógrafos brasileiros são tão unânimes entre seus colegas de profissão (quase sempre invejosos, uma característica da espécie) como ele. Bob é considerado um dos melhores fotógrafos de publicidade e moda do Brasil e do mundo, e ele não se restringe ao trabalho comercial. Entre uma campanha e outra ele consegue emplacar um trabalho pessoal de peso. Recentemente, Bob veio a Curitiba para dar uma palestra no Shopping Mueller, no lançamento do Movimento Hot Spot, que busca lançar novos talentos no mundo da moda, e tive o privilégio de ter um papo de “fotógrafo para fotógrafo” com ele.
Como o bichinho da fotografia te mordeu?
Eu escrevi um livro sobre isso, que se chama “Cartas ao Jovem Fotógrafo”. Quando eu tinha 16 anos, meu pai morreu e tive que ir trabalhar. Eu entrei em um estúdio fotográfico (da Editora Abril) e, sem me apaixonar, fui aprendendo. Eu estava fotografando, mas não era fotógrafo. Eu demorei uns 10 anos para essa ficha cair! Com 26 anos, comecei a ter uma volúpia pelo trabalho, amor!
Você concorda que a vida de fotógrafo é muito glamourosa?
Se você chegar ao ponto aonde cheguei existe glamour. Eu viajo, encontro as mulheres mais lindas do Brasil e sou bem pago. Mas o glamour não é fruto do nada. Por trás disso há um p… trabalho! Mesmo quando você está fazendo um trabalho com a Gisele Bündchen, que é uma situação glamourosa, você está com a arma apontada para a sua cabeça. Tem muito dinheiro envolvido, muitas expectativas, pressão.
E quando você tira férias com a família. Como é Bob Wolfenson fotografando sem o compromisso de um trabalho?
Eu uso muito o iPhone, depende do momento e do que estou interessado. Por exemplo, tirei férias agora e fui para a Europa e para os EUA, e não fotografei nada! Agora, se eu vou a um lugar muito exótico que nunca fui, ou estou interessado em um tema, aí sim. Eu estava fazendo um trabalho chamado “Belvedere”, que é sobre lugares turísticos decadentes, nesse caso eu fotografo muito, mas aí já não estou de férias…
Quem você ainda quer fotografar?
Tem muita gente que eu ainda quero fotografar… Porque fotografia é um encontro! Têm muitas personalidades internacionais, como Kate Moss, Penélope Cruz, Kate Winslet, Judy Dench… Muita gente!
Qual foi tua maior realização profissional? E qual trabalho você apagaria da tua vida?
Não apagaria nada. Acho que biografia é biografia. Você não pode tirar nada, até porque isso é um processo. Você não é bom sempre, você cai em ciladas… Agora, os trabalhos que mais gosto são os que eu inventei, os trabalhos pessoais. Gosto muito do Apreensões, do Antifachada, A Caminho do Mar e do Jardins da Luz. Também gosto das grandes matérias de moda, dos retratos. Nossa, é muita coisa! Ano que vem vou fazer uma exposição de 40 anos do meu trabalho no Museu da Imagem e do Som em São Paulo.
Como você gostaria de ser lembrado?
Eu acho que vou ser lembrado pelas minhas fotos. Eu não sou um cara que as pessoas param na rua, só me conhece quem é do meio. Mas eu gostaria de ser lembrado como o pai das minhas filhas, que são legais para burro!
Você pode conferir o vídeo completo desta entrevista no site fotoviajante.net