A escritora curitibana Bettina Muradás descreveu muito bem Fernando de Noronha. Para ela, “a ilha guarda uma beleza escondida que se mostra para aqueles que desafiam a sua rusticidade. Percorridas as estradas esburacadas com o vento no rosto, as praias são um presente da Natureza! Não se trata de turismo fácil, mas sim de conquista e encantamento”.
Ela conheceu a ilha há 12 anos e desde lá já foi seis vezes para lá. Sim, conhecer Noronha é para poucos. A entrada controlada de turistas — permite-se o desembarque de um número limitado de visitantes e cobra-se uma taxa diária de preservação ambiental — é fundamental para a conservação de suas atrações tanto fora, como mirantes e trilhas, quanto dentro d’água, como a rica fauna marinha. O acesso restrito também ajuda a compor a ideia de exclusividade.

Foto: Michele Roth

Fernando de Noronha tem o mais belo conjunto de praias do Brasil. Não é pouco, principalmente quando se trata de um país com mais de 7 000 km de litoral. Aqui, tudo é superlativo e contrasta com o tamanho da sua ilha principal — são 21, no total —, com poucos 16 quilômetros quadrados de área. Para onde quer que se vá, sempre a partir da segunda menor rodovia federal do País (com 7km de extensão, perde apenas para a que passa pela cidade paulista de Aparecida), a ilha prova seu potencial.
Prepare-se, também, para uma viagem nada econômica. A maioria das pousadas da ilha tem pouco conforto e preços altos, assim como os pratos mais básicos dos restaurantes, e as taxas ambiental e do Parque Nacional Marinho também aumentam essa conta. Mas pode ter certeza: não é disso que você vai se lembrar ao entrar no avião, quando voltar para casa. As águas límpidas, de um verde-esmeralda único, as areias finas e clarinhas, a vegetação exuberante, a imponência do Morro do Pico e os tão fotografáveis Dois Irmãos. Uma sequência de belezas naturais protagonizando cenários paradisíacos.

Pequena gigante

Foto: Michele Roth

Graças a seu tamanho diminuto, a principal ilha de Noronha, a única habitada (são três mil moradores), pode ser exaustivamente explorada. Para um primeiro reconhecimento do espaço, o mais indicado é embarcar no Ilhatour, passeio feito de bugue ou veículo 4×4 que dá aquela boa noção de onde fica cada atração. No quesito faixas de areias, as estrelas do roteiro são as que moram em nossa memória de tanto que aparecem em guias turísticos: a Baía dos Porcos e a Praia do Sancho. A primeira, vista do topo do mirante que pega seu nome emprestado, causa uma certa confusão na cabeça por conta do degradê de tons do mar. Uma panorâmica embelezada ainda mais pela presença do famoso Morro Dois Irmãos.

Sancho, a mais bonita

Foto: Carol Sábio

A vizinha Praia do Sancho também tem um mirante para chamar de seu. Para se chegar a ele é preciso pagar a taxa de R$ 111 (dá direito a visitas durante dez dias corridos) da EcoNoronha, que administra a área do Parque Nacional Marinho — há dois anos a concessionária instalou um posto de informação e trilhas que permitem o acesso de cadeirantes.
Dali, o que se vê é um equilíbrio entre areia clara e mar límpido apoiado em altas falésias, cujas árvores servem de morada para aves de todas as espécies. Tal combinação rende ao Sancho um lugar cativo nos rankings das praias mais bonitas do País e uma das mais bonitas do mundo.

O agito está no meio

“Percorridas as estradas esburacadas com o vento no rosto, as praias são um presente da Natureza! Não se trata de turismo fácil, mas sim de conquista e encantamento.”
Bettina Muradás

Com quiosque pé na areia e guarda-sóis espalhados à beira-mar, algo raro em Noronha, a Praia do Cachorro é a mais familiar. Sua fama, porém, vem do bar homônimo, instalado no topo do paredão da praia, já na Vila dos Remédios, espécie de centrinho do arquipélago, que concentra restaurantes e lojinhas. Sinônimo de balada na ilha, o bar é destino de visitantes e moradores à noite. O forró faz das quartas e sextas-feiras os dias de casa cheia.
Outras noitadas são organizadas no gramado do Museu do Tubarão, que se encarrega do papel de educar crianças e adultos sobre o animal que frequenta as praias locais.
Um dos melhores lugares de Noronha para assistir ao por do sol, com visual privilegiada do Morro do Pico e Praia da Conceição, o Bar do Meio reúne o que há de melhor na ilha: gastronomia, boa música e drinks exclusivos.

Sunset

Foto: Michele Roth

“Além da beleza natural de tirar o fôlego, gostei muito da energia da ilha, do espírito de preservação que as pessoas têm com a natureza e da simplicidade da vida por lá! Me encantei com tudo! Praia do Leão, meio que deserta, com uma paisagem impressionante. E também assistir ao pôr do sol no Bar do Meio, um espetáculo!” – Tângria Pavesi, empresária.

Tângria e o marido com Zul Noronha, mascote da pousada Casa Luz

Mergulhando num aquário

Foto: Stéphanie Djehdian

Nunca havia pensado em mergulhar com cilindro, mas diante das belezas naturais de Fernando de Noronha resolvi vencer o medo. O resultado foi uma das melhores experiências da minha vida, assistindo de perto o espetáculo dos peixes multicoloridos passando por mim com a maior naturalidade. Vale destacar a atenção e o profissionalismo da equipe da operadora de mergulho Águas Claras, que durante o mergulho de batismo fica o tempo todo atenta para garantir a melhor experiência. Portanto, fica a dica: se for a Noronha, procure os instrutores e divirta-se! – Ellen Nogueira, Relações Públicas da VIVER Curitiba.

De barco

Foto: Michele Roth

O Porto é também ponto de partida de outros passeios, como o tour de barco tradicional. Se a grana permitir, invista no barco Maria Bonita, uma passeio inesquecível com vista das praias. Saindo do Porto Santo Antonio, passando pelas praias do Mar de Dentro, como Conceição, Praia do Meio, Cacimba, Morro Dois Irmãos, Baía dos Porco, chegando até o outro extremo, a Ponta da Sapata, a visão do mar para a terra é deslumbrante, com um almoço inesquecível com peixe fresquinho, assado e servido ancorado na Baía do Sancho.