Especialistas dão dicas para lidar com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em meio à pandemia

A máscara acabou virando uma das nossas companheiras mais fiéis. Afinal, é ela que também nos ajuda na proteção e combate ao Coronavírus. E, se para nós, adultos, a adaptação já é difícil, para crianças dentro do TEA e com alguma condição neurológica o desafio é ainda maior. Mas então, como estimular o uso da máscara nesses casos? De acordo com a terapeuta ocupacional do Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE), Thaysse Hayane Ferreira, da maneira mais lúdica possível.

Faça com que a criança participe desse processo, dando a ela a opção de escolha da máscara. Busque seus personagens favoritos, assim elas conseguem assimilar com mais facilidade sobre a importância do objeto. “Usar o lúdico é a melhor forma de incentivo ao uso da máscara. Nossa equipe, por exemplo, tem aproveitado os treinos de Atividades de Vida Diária (AVD) e auxiliado nesse quesito, para que aos poucos ela seja incluída. Criamos ainda uma cartilha que auxilia pais e responsáveis nessa tarefa”, conta.

Ainda segundo Thaysse, graduar o tempo de uso do objeto é uma boa alternativa. Comece introduzindo pelo tempo máximo que a criança aguenta e vá aumentando. Além disso, você deve explicar, com calma, a importância desse ato e que sem a máscara não podemos sair de casa. Aproveite os momentos de brincadeira para fazer isso, você pode usar um boneco que a criança goste para colocar uma máscara, assim ela vai se sentir mais confortável em usá-la quando precisar sair.

Ou ainda, você mesmo pode colocar a máscara e incentivar os pequenos a colocarem juntos. Para finalizar a terapeuta ocupacional reforça que essa não é uma das tarefas mais fáceis para ninguém, mas é possível torná-la um pouco mais divertida. “Sabemos que não é nada fácil ficar com a máscara no rosto, nem para os adultos, imagina para uma criança que já está confinada. É um processo completamente novo de adaptação. Então torne esses momentos divertidos, assim as crianças ficarão mais tranquilas e tudo ficará bem”, acrescenta Thaysse.

Entretenimento mantendo a rotina

Já no aspecto da rotina, é importante tentar manter o dia a dia o mais próximo possível, mesmo estando em casa, pois as crianças com TEA precisam manter seus hábitos. “Não é uma tarefa das mais fáceis, visto que as crianças costumam ficar ainda mais inquietas que os adultos, mas é possível”, avalia a psicóloga do CERNE Giulianna Victoria Yoshie Kume.

Como fazer isso? Segundo a especialista, existem algumas estratégias para tentar manter os pequenos entretidos. Ao pensar essa nova rotina, é importante levar em consideração as necessidades, interesses e o estágio de desenvolvimento de cada criança. Quanto mais divertidas forem essas atividades, maiores as chances de a criança manter-se motivada.

Uma boa ideia é manter um quadro com uma rotina visual das atividades previstas, isso oferece segurança e previsibilidade para a crianças. Tente simular um dia com dinâmicas estruturadas e mais livres, sempre com um tempo determinado para elas.

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Outra sugestão é deixar a criança participar dos afazeres da casa. Peça para que ela auxilie – dentro das suas capacidades – a secar a louça, arrumar seus brinquedos e arrumar a própria cama. Ainda segundo a psicóloga, é importante pensar em equilíbrio entre as brincadeiras e as obrigações. “Como tudo na vida, o importante para um dia a dia tranquilo é manter o equilíbrio. Faça um planejamento, alternando entre as atividades menos prazerosas seguidas de atividades mais prazerosas, isso tende a aumentar a motivação na realização”, complementa Giulianna.

Motivar a criança com autismo é fundamental, e quando isso acontece, ela consegue a coragem necessária para superar os desafios e desenvolver suas habilidades. Proporcionar atividades de interação social que tragam prazer e alegria fazem com que elas queiram interagir ainda mais com outras pessoas, o que é muito importante para o seu desenvolvimento.