Por que desmitificar a inovação, um processo tão importante e tão comentado nos últimos tempos?
O mantra da inovação
Muitas pessoas, empresas, instituições de ensino e organizações de todos os tipos têm levado muito adiante o discurso da inovação. Inovar é uma necessidade desde os tempos da evolução da espécie humana. Mas, para o mercado, inovar também é uma questão de sobrevivência e vantagem competitiva.
“Somos inovadores” tornou-se um discurso muito empregado, mas nos últimos 11 anos em que a Escola de Criatividade esteve dentro das empresas, estudando ações e práticas de muitas que se auto-intitulam inovadoras, chegamos à conclusão que a inovação não está de fato acontecendo em muitas delas. Vemos poucos produtos, serviços e práticas de fato inovadoras, mas muitos discursos sobre a tão sonhada “inovação”. E existem razões para isso.
Por que inovar é tão difícil?
A primeira razão para que as empresas e organizações não estejam conseguindo, de fato, implementar uma cultura de inovação em seus processos, é porque faltam mudanças de comportamentos e hábitos.
Pessoas, no geral, apresentam grande dificuldade em mudar, entretanto a inovação pressupõe necessariamente mudança. Muitos preferem manter as coisas como estão, fazer mais do mesmo e seguir com o modelo tradicional. As equipes que aceitam mudanças de forma mais fácil e rápida conseguem inovar, mas para isso o papel do líder também é fundamental para estimular atitude e dar autonomia. Afinal, a inovação, na essência, começa pelas pessoas e não pelos processos.
A inovação não precisa ser algo extremamente complexo, caro o tecnológico, como muita gente entende. Se você perguntar às pessoas o que elas consideram inovador nos últimos anos, muitas irão responder “smartphone” ou uma outra tecnologia, porque é comum a concepção de que inovação é um produto, quando na verdade, ela pode ser muito mais.
Inovar pode ser uma simples mudança de atendimento ao cliente, uma simplificação e agilização do processo de entrega de um produto ou uma forma de entregar uma experiência atrelada ao serviço. Existem vários caminhos para que ela aconteça e que não exigem muito investimento em tempo, pesquisa e dinheiro. Se considerarmos inovação algo sempre complexo, poucos vão inovar.
O líder inovador
Quando falamos em mudança, o líder desempenha papel fundamental nesse processo, já que sua postura é vista como um exemplo para a equipe. Um líder que busca inovação precisa saber ouvir seus funcionários e parceiros, conectando e amplificando melhor as ideias geradas.
Uma vez que a postura natural das pessoas é não aceitar mudanças, o papel do líder torna-se fundamental como o principal agente inovador, incentivando sua equipe a repensar práticas e processos já consolidados, estando atento ao que está acontecendo, o que é tendência, e sempre aberto para aceitar o novo.
Outro ponto importante na atuação do líder é, justamente, desmitificar a inovação. É preciso mudar a concepção de que inovar é um processo caro ou resultado de um investimento tecnológico, para fazer com que as pessoas se sintam parte do processo. Já que a inovação pode ser feita a partir de mudança de processos, como um novo sistema de vendas, um novo sistema de comunicação ou uma nova forma de se relacionar com os clientes, é preciso que as pessoas (funcionários e parceiros) sintam-se peças fundamentais nesse processo e queiram contribuir com ele.
A partir do momento em que se desmitifica a inovação, ela torna-se mais acessível para as empresas, independentemente do seu tamanho ou do seu caixa. Todos tem a chance de inovar a partir, essencialmente, das pessoas que lá estão. E o papel do líder nesse ponto é fundamental.
JEAN SIGEL
Pai de duas meninas – a Giulia e a Nana -, empreendedor por natureza e escritor em evolução. É também especialista em projetos de criatividade empresarial, comunicação e marketing e co-fundador da Escola de Criatividade, organização especializada em consultoria, projetos e educação corporativa em criatividade de negócios. Jean escreve todas as quintas sobre negócios e inovação aqui na VIVER Curitiba.