O fotógrafo Eduardo Macarios, especializado em foto de arquitetura, abre sua casa e fala sobre sua relação com esse universo íntimo

A relação que tenho com a minha casa é a melhor possível. É o melhor momento do dia para mim chegar em casa e acordar aqui. Estamos há mais de 40 dias em casa e meu apartamento é pequeno, uma planta aberta de 40 m2 em formato de estúdio, quase sem paredes. Nesse momento de utilização extrema deste espaço é que percebo a importância de se ter uma casa em que tudo faça sentido. 

O apartamento é perfeito para mim e para minha noiva, pois de certa forma ajuda a moldar nosso estilo de vida. Como é bem central não tenho carro, andamos a pé por tudo e, durante esse tempo em que nos vimos obrigados a ficar em casa, temos curtido muito ficar aqui porque nossa casa tem uma grande janela voltada para a rua, não tenho a sensação de estar sufocado. 

Por ser fotógrafo de arquitetura visito muitas casas e isso contribuiu para eu entender o tipo de espaço que eu gostaria de viver e quais objetos apreciaria ter no meu apartamento. A questão de eu também estar em contato direto com praticamente todos os arquitetos que eu trabalho, a maioria deles se tornaram amigos, ajudou muito a compreender sobre os projetos e tentar entender qual caminho seguir.

Assim, fui escolhendo a dedo as coisas que gostaria de ter na minha casa. Privilegiar a arte e o design local sempre foi um fator determinante. Temos por exemplo peças do Solo Arquitetos, Rimon Guimarães, Ôda Design, e do Leandro Garcia. Além das minhas fotos. O espaço acabou virando também uma galeria onde coloco meus trabalhos. 

Olhar para dentro do meu apartamento é muito inspirador. Cada peça que fomos colocando aqui aos poucos foi pensada, os objetos cumprem sua função de uso e também estética. A criatividade que isso traz é fundamental para o dia a dia e para que eu possa circular em outras casas e estar inspirado a criar as fotos.

Um espaço especial da minha casa talvez seja o canto da leitura. É onde eu posso sentar, desligar de tudo e tenho toda a minha coleção de livros de fotografia ao lado. Esse cantinho também me dá uma visão para a rua, parece que eu estou debruçado na rua pela janela. Eu gosto muito dessa relação com a cidade, o urbano. Como moro no segundo andar, consigo escutar as pessoas conversando na rua e tenho contato visual com meus vizinhos de frente. Nos dias de hoje talvez isso a seja qualidade de vida que a gente busca, não é mesmo?