Por: Ana Letícia Sowinski

Letícia Melara sabe bem como unir o melhor de dois mundos. Na verdade, ela o faz todos os dias ao lado de sua sócia, Rosângela Gasparin, e da mãe, Bea Pereira. Juntas, elas coordenam a Escola Curitiba de Mosaico e lidam com os desafios de gerenciar uma escola de trabalhos manuais ao mesmo tempo que desfrutam dos prazeres de estar em contato com uma técnica artística milenar. Mesmo conciliando mundos tão diferentes, Letícia não troca sua ocupação por nada: “Para mim, a prestação de serviços que fazemos na escola é mais prazerosa que qualquer outra. Oferecemos experiências às pessoas, que preferem produzir suas próprias peças de mosaico em vez de simplesmente comprá-las prontas”.

Comércio é um assunto que Letícia entende bem: a empresária começou sua carreira com uma loja de materiais artísticos e já teve uma loja de calçados infantis. “Trabalhar com gente me traz mais satisfação. Não preciso lidar com estoques ou com coleções que precisam ser vendidas logo. Além disso, consigo trabalhar valores que acredito, como o reaproveitamento de materiais e a valorização do trabalho manual. Ajudar as pessoas a concretizar ideias e torná-las peças de arte ou decoração é fantástico.”

Mas nem tudo são flores. Diversificar a clientela e atrair mais alunos é um desafio para a empreendedora: atualmente, o público da escola é composto por pessoas que já se aposentaram ou que estão em um ponto da carreira em que têm condições de reservar um período do dia para aprender e realizar trabalhos manuais. “Trazer novas gerações para a escola é difícil. São pessoas muito ocupadas, que não reservam momentos do dia a dia para praticar hobbies ou aprender coisas novas. Além disso, há o tabu de que o mosaico é uma atividade de idosos, o que não é verdade. Precisamos provar que o mosaico é uma arte que também pode ser moderna e disruptiva.”

Foto Daniel Derevecki

Visibilidade e reconhecimento

Letícia acredita que mais visibilidade é o caminho para a popularização não apenas do mosaico, mas também de sua escola. Com esse objetivo em mente, a empresária idealizou, em 2007, a Bienal de Mosaico de Curitiba. “Se você não mostra, ninguém sabe que existe. A Bienal chega para colocar mais mosaico na cena artística da cidade e apresentar a técnica a mais e mais pessoas. Acredito no poder da colaboração. A cada edição da Bienal, trabalho com outras escolas de mosaico e artistas da cidade para criarmos exposições que instiguem o público a entender o mosaico de maneira diferente.”  

A mostra tomou proporções internacionais e é reconhecida como uma das mais importantes no circuito mundial de mosaico. Artistas curitibanos de renome, como o cartunista Paixão e o fotógrafo Guilherme Pupo já participaram de edições da Bienal, que é apenas uma das medidas de Letícia e suas sócias para garantir o sucesso do seu negócio: “Continuamos estudando, estamos sempre explorando novas técnicas e abordagens… queremos fazer de tudo para fortalecer a arte e, consequentemente, o nosso negócio”.

Foto Daniel Derevecki

Onde apreciar mosaico em Curitiba? Anote as dicas de Letícia!

Igreja Nossa Senhora de Guadalupe: “Fizemos uma parceria com a Igreja, em que trabalhamos nos murais. Vale a pena conferir os detalhes dos rostos e das mãos das imagens sacras!”

Memorial de Curitiba: “É a sede de todas as Bienais de Mosaico. Doamos as peças que criamos em parceria com o Guilherme Pupo para o espaço. São trabalhos lindos!”

Fundação Marista: “Trabalhamos em um mural enorme, que levou 200 objetos de Irmãos que fizeram parte da história da fundação na colagem. Foi um trabalho inesquecível.”